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Sabias que… a Central Termoelétrica da Tapada do Outeiro já funcionou a carvão?
Na margem direita do Douro, na vila de Medas (Gondomar), encontra-se a Central Termoelétrica da Tapada do Outeiro — hoje uma moderna central a gás natural, mas com raízes profundas na história energética de Portugal.
A primeira central começou a ser construída em 1955 e entrou em funcionamento em 1959. Esta central foi projetada pelo arquiteto José Carlos Loureiro e queimava carvões da Bacia Carbonífera do Douro, nomeadamente antracites das Minas de São Pedro da Cova e do Pejão. O carvão era transportado por um teleférico icónico (cabo aéreo), cujas cestas carregadas sobrevoavam casas e estradas — uma imagem ainda viva na memória da população local.
Durante décadas, esta infraestrutura teve grande impacto económico e social na região. Evoluiu depois para queima mista (carvão e fuelóleo), até ser desativada em 1994. Na periferia, nasceu então a nova central, que hoje opera a gás natural e é uma das principais do país.
No passado dia 28 de abril de 2025, durante o apagão nacional que afetou várias regiões, a Central da Tapada do Outeiro voltou a estar no centro das atenções, tendo sido acionada para garantir o fornecimento de eletricidade numa altura crítica. A sua capacidade de resposta foi essencial para estabilizar parte do sistema elétrico nacional.
Da era do carvão à urgência da resiliência energética, a Tapada do Outeiro continua a ser um pilar silencioso — mas vital — do nosso sistema elétrico.
Se quer saber mais, veja o documentário “Tapada do Outeiro. Um património. Uma memória”, de Sérgio Torres, que nasceu, cresceu e vive a poucos metros da Central Termoelétrica da Tapada do Outeiro.
Com belas imagens e importantes testemunhos, este documentário é sem dúvida um importante documento histórico, mas também educativo. Aborda a necessidade e a escolha do local para a construção da Central, num período histórico muito específico, as dificuldades da sua construção e os benefícios que a mesma trouxe a uma pequena localidade. Explica a produção de energia utilizando o carvão como combustível, mas também o prejuízo ambiental pela utilização do mesmo. Mostra ainda as infraestruturas criadas para o transporte de carvão, desde as explorações mineiras da Bacia Carbonífera do Douro até à Central. Por tudo isto e muito mais, este é um documentário a ser visto, divulgado e utilizado para memória futura.